(para Helaine Christian Alves Santos)
QUEM trouxe o mar de dentro,
separa o mar
do mar de dentro,
e o mar do mar, embora
havendo
ondas de arrasto,
montanha acima
por caminhar.
Quem trouxe o mar no anzol
separa o mar
do toldo-sol,
e da lua que toldava
os velhos medos,
o mal dos homens,
os seus segredos
de peixe e sal.
Quem trouxe o mar sem ponte
(trabalho antecipado
nos cinco dedos
do horizonte)
deitou mais cedo,
como água seca
se abandonou:
nos claros montes
do desagravo
entre o oceano
e o mar de agora,
quem trouxe o mar de engano
prepara a volta
ao mar sem porta
que o retornou.
Um monturo inerte
de mar moído
na foz mexida
do mar moído
sussurra medos
de voz salina,
qual dez gigantes
olha pro mar.
Quem trouxe o mar mais cedo,
soube do segredo
do sal que corre
no sangue azul
do seu invento,
pois trouxe o mar
da estrela Vésper,
ao sol que morre.
Ondas de arrasto
por caminhar.
2 comentários:
Esse poema também é emblema da minha confusão-certeza: Beleza.
Amei, amigo!
Beijos, Helaine.
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