segunda-feira, 16 de julho de 2012

MARTE EM PEIXES


(para Helaine Christian Alves Santos)

QUEM trouxe o mar de dentro,
separa o mar
do mar de dentro,
e o mar do mar, embora
havendo
ondas de arrasto,
montanha acima
por caminhar.

Quem trouxe o mar no anzol
separa o mar
do toldo-sol,
e da lua que toldava
os velhos medos,
o mal dos homens,
os seus segredos
de peixe e sal.

Quem trouxe o mar sem ponte
(trabalho antecipado
nos cinco dedos
do horizonte)
deitou mais cedo,
como água seca
se abandonou:

nos claros montes
do desagravo
entre o oceano
e o mar de agora,
quem trouxe o mar de engano
prepara a volta
ao mar sem porta
que o retornou.

Um monturo inerte
de mar moído
na foz mexida
do mar moído
sussurra medos
de voz salina,
qual dez gigantes
olha pro mar.

Quem trouxe o mar mais cedo,
soube do segredo
do sal que corre
no sangue azul
do seu invento,
pois trouxe o mar
da estrela Vésper,
ao sol que morre.

Ondas de arrasto
por caminhar.

2 comentários:

Precisamos dizer NÃO ao medo! disse...

Esse poema também é emblema da minha confusão-certeza: Beleza.
Amei, amigo!

Precisamos dizer NÃO ao medo! disse...

Beijos, Helaine.

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