segunda-feira, 16 de julho de 2012

CABRA

(para Gilda Moreira)

MENEIA a cabeça
com o ventre,
Cabra.

E dos dias
amassados
entre os dentes
não te esqueças,

que entre pedras
adivinho
tua procura,
Cabra...

É a lonjura
dos teus moles,
dos teus verdes.

Levas nas patas
esta água
que procuras,

Cabra:

sabes a sede
e a secura
com igual
desinteresse,
Cabra.

Sobe com chifres,
sinos, pontes
e gamelas,
Cabra,

galga teus montes,
que o tempo
é mal secreto.

E sobre o rosto,
com que apenas
te contemplo,

Cabra,

sê meu poema
e diadema
de silício,
Cabra:

o meu silêncio.

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