DO LADO esquerdo do amigo
encontra-se a voz com que digo,
do lado esquerdo do ouvido.
De outro lado, se digo,
é lado lasso perdido
num mar de barcos bebidos
de ondas e ondas de avisos.
Do lado esquerdo do olvido,
o som da voz do perigo
se some ao passo do antigo,
do outro lado do amigo,
que sorve pratos despidos
de moles, ingratos pedidos.
Do lado esquerdo, amigo,
abre-se um vale impingido
por mil cuidados fingidos,
fecha-se o porto, o abrigo
para quereres proibidos,
de amargos lados infindos.
Do lado esquerdo do amigo,
encontra-se a voz com que digo
e a voz, se digo, não finjo.
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