terça-feira, 17 de julho de 2012

CÂNCER

Levo minha casa
nas costas.
Sorte é comigo,
trago os amigos
para o abrigo
dos meus dias.

Meu domicílio
é o coração.

Levo meus sonhos
nas costas.
Penso que o tempo
cabe no corpo:
somos passado
onde o futuro
amassa seus dias.

Faz o presente
seu alvo pão.

Guardo o passado
nas costas.
Sei que perecem
o trigo e a erva,
o vinho e a fome,
e a gente que vive
e a gente que esquece
e a gente que leva,

leva lembranças
nas costas.
Tudo que passa
mora comigo.
Meu coração
é servo e abrigo.

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