segunda-feira, 16 de julho de 2012

FIM


SOB O CÉU 
e sobre a terra,
 a bela criança, 
de asas penduradas nas costas,
 e fios de Lua segurados pelo rabo,
 pelo pé, pelo pescoço,
vai sonhando, sonha moço.


 Nasce o menino,
 derramado no vazio,
 sem saber de que foi feito 
o seu Júpiter, inimigo, 
seu Saturno de esconder 
Vênus, Marte, e o Ligeiro
Mercúrio 
já sem deus, nem deus nem homem. 


Sobre o céu e sobre a terra, 
pendurado Sol de avisos teatrais
 engole o mar e foge ainda 
a terra — sol antigo. 


E pelas vias do perigo 
o ar prepara a duração da vida
 para que os ossos conseguidos
 sejam depois um bom tesouro
 enterrado, rico, liso:
sobre o céu e sob a terra.

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